Por Emily Baccarin
da Próxima Cena
“Já estava na hora de estrearem mesmo.” – Afirma o diretor, Otávio Pacheco, do clipe independente “Noise James” do Macaco Bong, que estreou na segunda-feira de manhã, dia 18/08, no MTV Lab.
O que? Você assistiu o clipe seis dias depois? Não saiu no sábado e acordou cedo no domingo? Ligou o televisor e lá estava os representantes do provérbio japonês? (“ Não ver o mal, não ouvir o mal, não falar o mal”) Pois é, na verdade o clipe estreou mesmo na segunda-feira de manhã, mas rolou uma confusão no setor da produção do programa do MTV Lab, e os caras esqueceram de avisar que o clipe seria televisionado. Por isso, o diretor do clipe entrou em contato com o pessoal de lá e pediu a eles outra data para a estréia.
Otávio Pacheco mora em São Paulo e tem um histórico suculento quando o assunto é produção cinematográfica. Em sua bagagem de pedreiro encontramos ele como co-diretor do clipe Cachaça, do Vanguart. Foi nessa época da produção do clipe que, indo assistir ao show do Vanguart, ele conheceu o Kayapy (guitarra), o Ynaiã (batera) e o Ney Hugo (baixo).
“ (...) eu fui pra Cuiabá fazer o clipe Cachaça, logo na primeira noite fomos num show do Vanguart aonde tocou também o Macaco(...)“. – diz ele.
Se revirarmos um pouco mais essa mala, ao lado das cuecas e das bitolas de negativos, encontraremos 15.300 fotos, cinco câmeras diferentes, um punho de aço, um dedo hiper-ativo, uma mão do Renato Reis, um ano de trampo intermitente, porém bem suado, um orçamento de apenas R$ 120,00 e um cenário paulista. BUM! O clipe “Noise James”.
O clipe começou a ser pensado em novembro do ano retrasado, mas a efetuação da idéia foi agitada em junho do ano passado. Das 15.300 fotos, umas 6.000 compõe o clipe, o resto ficou de fora. Você deve estar pensando “ Pra quê tanta foto?” O clipe do Macaco, foi feito de uma forma muito diferente. Enquanto a maioria dos clipes passam pela lente de uma filmadora, o do Macaco Bong foi feito todinho, sem execessão, de fotos digitais. Não foi utilizado nenhum efeito especial de pós produção, foi tudo feito artesanalmente.
Stop motion é o nome da técnica utilizada, e para a dinâmica de aprendizagem dizemos que para se ter um segundo de filme, dependendo do resultado que deseja se obter, se utiliza um número “x” de fotos seqüenciadas , que são disparadas seguidamente. São exemplos de filmes em stop motion O Estranho Mundo de Jack, A fuga das Galinhas, A Noiva Cadáver, Wallece e Gromit. São várias as vertentes do cinema criados com esta ideologia.
Para processar tudo isso é necessário um bom HD, a pasta de fotos desse clipe tem 85 gigas. A primeira foto foi tirada num bar chamado Orange Point, perto da Avenida Paulista, já a última, foi batida á noite na Marginal Pinheiros. Neste gran finale, Otávio Pacheco andava sozinho em uma ponte.
Os três sábios macacos só viram o clipe quando esse ficou pronto. E pelo visto, agradou muitíssimo a muita gente. Para o baixista Ney Hugo, que ficou impressionado e não imaginava que uma seqüência de fotos poderia ficar tão interessante, tudo isso foi resultado de um ano de suor e pedreiragem por parte do diretor do clipe, que prazerosamente diz:
“ (...) eu também to muito feliz, esse clipe foi um trabalho gigantesco, e bem individual, é bom ver ele dando voltas por aí (...)”.
Tanto o Ney quanto o Otávio já participaram da SEDA em Cuiabá. O Otávio, juntamente com o Paulinho Caruso, foi professor na primeira semana do audiovisual, e o Ney participou no ano passado como interessado. A inscrição da SEDA foi feita em Cards, nossa moeda solidária de troca multilateral, e o Ney pagou com um show do Macaco Bong durante o próprio evento. O clipe ”Shift” é resultado do trabalho realizado coletivamente pela oficina de cinema e vídeo da SEDA em 2007.
Olha que loucura um Macaco me contou!
(...) “ James é um guitarrista conhecido aqui em Cuiabá, quando realizamos o instrumental ao Cubo, sempre ficávamos a pós do evento, ouvindo todas as incansáveis peripécias. Ficávamos lá, Ebinho Cardoso, a equipe do Cubo, nós e James. Virou música.” (...) - diz Ney.
Valeu meninos, o Clipe ficou Phoda! Está mais do que evidente que MT não tem apenas Pantanal, Chapada e Vanguart. Muitas esferas culturais ainda tem de ser evidenciadas.
Parabéns!
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